O tratado Middot (medidas) da Mishnáh, escrito por volta do final do séc. II, pretende descrever o templo, com extrapolações do Antigo Testamento (sobretudo do «templo futuro» de Ezequiel) e com elementos passados de boca em boca ao longo de cerca de um ou dois séculos. Contradiz espantosamente a descrição de F. Josefo, sobretudo nas medidas, e é inverosímil nos elementos que ele não refere. Só concorda vagamente com ele no aspeto geral. A respeito das duas descrições contraditórias, usando o tratado Middot como exemplo, constatamos o seguinte: a) Uma descrição de um edifício tão complexo como o templo de Jerusalém, baseada em tradições passadas de boca em boca durante um ou dois séculos, não tem nenhum valor histórico, por melhor memória e capacidade de observação que as pessoas tenham. Não é minimamente credível que todos esses dados se mantenham intactos, passando de boca em boca, durante um ou dois séculos. Mesmo em relação a quem tivesse visto o templo, seria pertinente saber como poderia ter acesso aos dados relativos a ele (foi pessoalmente fazer as medições e tomou notas fielmente?). b) É completamente impossível conciliar a descrição da Mishnáh com a de F. Josefo, apesar de a Mishnáh referir alguns elementos do templo de Herodes (o patamar de 10 CV de largura em torno do átrio interior, a existência de um átrio das mulheres, os 15 degraus para o átrio dos Israelitas, a rampa do altar virada para sul, os 12 degraus para a entrada do templo, a altura e a largura de 100 CV da fachada do templo, a existência de 6 salas no átrio dos sacerdotes e de 4 no átrio das mulheres, os parapeitos de separação, …). c) O que resta atualmente da esplanada do templo herodiano não condiz com a descrição da Mishnáh, mas aproxima-se da descrição de F. Josefo. A descoberta de vestígios da plataforma quadrada de 500 CV (861 pés = 262,43 metros) de lado, anterior à remodelação de Herodes, referida como sendo o limite do Monte do Templo, confirma que o templo da Mishnáh é anterior ao de Herodes. d) O tratado Middot não faz nenhuma referência a obras de Herodes. Em vez disso, diz que Jeconias saiu por uma das portas, a caminho do exílio; diz que os exilados aumentaram o altar, depois de regressarem, e que cavaram uma cisterna num dos compartimentos do templo; faz referência aos estragos provocados pelos reis da Grécia, incluindo a profanação do altar; e diz que os Asmoneus colocaram num compartimento as pedras do altar profanado. Ora, todas estas pessoas viveram muito antes de Herodes (1 Mc 1; 4, 36-61; 2 Mc 10, 1-8). e) A descrição do templo que é feita pelo tratado Middot combina mais com as descrições apresentadas no Antigo Testamento e com a descrição do templo pré-herodiano (supra), do que com a descrição do templo herodiano, feita por F. Josefo. Também não combina com os dados do Novo Testamento, nas atribuições das salas que circundavam o períbolo interior. f) A fachada do templo descrito pelo tratado Middot não condiz, nas dimensões e na forma das portas, com a que se pode ver numa moeda da 2.ª Revolta, de 135 d. C. g) Em dados importantes, o tratado Middot contradiz, simultaneamente, F. Josefo e o Antigo Testamento (as dimensões do altar, a largura interior do vestíbulo, a largura e a altura da parte de trás do templo, ...).. h) Por vezes, o tratado Middot contradiz-se a si próprio (o número de portas do períbolo interior, as medidas das celas que cercavam a parte de trás do templo, a localização das mesas e das colunas a norte do altar, ...) A estas contradições, acrescentam-se o desconhecimento e a insegurança mostrados nas citações de alguns rabis. i) O tratado Middot diz, algumas vezes: «conforme foi dito» e «porque foi dito», a que se segue uma citação do Antigo Testamento, que não serve de prova histórica para o que pretende demonstrar. Isto mostra que, mais do que uma compilação de tradições autênticas, é uma tentativa de tornar real, em alguma época, o que é dito no Antigo Testamento. É uma idealização do que não existe mas que se desejaria que existisse. Muito do que dizem os Evangelhos Apócrifos, certas tradições cristãs e as seitas tem, também, esta mesma origem: se «toda a Escritura é divinamente inspirada» (II Tim 3, 16), tudo o que ela diz teria de se realizar em alguma época, segundo a interpretação que lhe dessem! Perante os dados disponíveis, não existem dúvidas de que a Mishnáh tenta, lendariamente, descrever o templo anterior ao de Herodes. Isso, porém, não é de estranhar, porque Herodes era mal visto pelos Judeus. Se assim é, mais lendária é a sua descrição, por ter sido redigida mais de 200 anos depois. É, portanto, evidente que a Mishnáh não descreve o templo de Jerusalém do tempo de Jesus. A descrição que F. Josefo faz do templo herodiano é, pois, a única que, efetivamente, possuímos, e que tem a vantagem de ser feita por uma testemunha ocular. Tratado Middot e respetivas anotações I 1. Os sacerdotes mantinham a guarda no templo em 3 lugares: na Casa de Avtinas, na Casa de Nitsuts (centelha), e na Bet Moked (casa da lareira); e os levitas em 21 lugares: 5 nas 5 portas do Monte do templo, 4 nos seus 4 ângulos de dentro, 5 nas 5 portas do átrio, 4 nos 4 ângulos de fora, e 1 na Câmara da Oferenda, e 1 na Câmara do Véu, e 1 atrás do lugar da Misericórdia. 2. O Oficial do Monte do Templo fazia a ronda a cada guarda, com tochas acesas diante dele. E se algum guarda não se levantasse [à sua aproximação] e lhe dissesse: «A paz esteja contigo!», o supervisor do templo, era evidente que [o guarda] estava a dormir; e batia-lhe com o seu bastão (1) e também tinha liberdade para queimar as roupas dele. E os outros diziam: «Que barulho é este no átrio?» «É o grito de um levita a ser espancado e cujas roupas estão a ser queimadas, porque estava a dormir no seu posto». Rabi Eliezer, filho de Jacob, disse: «Uma ocasião, encontraram o irmão da minha mãe a dormir e queimaram as roupas dele». 1) Var.: «Se algum observador não se levantasse... o oficial dir-lhe-ia: 'A paz seja contigo'; e se era evidente que ele estava a dormir, bater-lhe-ia.» 3. Havia 5 portas para o Monte do Templo: as 2 portas de Huldah a sul, que serviam para a entrada e para a saída; a porta de Kipponos a ocidente, que servia para a entrada e para a saída; (1) a porta de Tadi a norte, que não servia para nada; e a porta oriental, sobre a qual havia uma representação do palácio de Susa, (2) e pela qual o sumo sacerdote que sacrificava a vitela vermelha e todos os que com ele assistiam saíam em direção ao Monte das Oliveiras. 1) Isto podia ser verdadeiro, falando do períbolo anterior à remodelação de Herodes. A esplanada do templo herodiano, tal como F. Josefo a descreve e tal como ela existe, tem 5 portas a sul (2 + 3) e 4 a ocidente. 2) Esta representação do palácio de Susa só tem lógica no templo de Zorobabel. Atualmente, a porta oriental é dupla (são 2 portas) e dela restam duas pedras herodianas situadas a 8,5 m uma da outra, o que permite concluir que também era dupla no templo herodiano. 4. Havia 3 [ou 7?] portas no átrio [interior]: 3 a norte, 3 a sul e 1 a oriente. (1) No sul estava primeiramente a Porta da Lenha; em seguida, a Porta dos Primogénitos [ou da Oferenda?]; depois, a Porta da Água. A oriente, estava a Porta de Nicanor, que tinha 2 câmaras ligadas, 1 à sua direita e 1 à sua esquerda: uma a câmara de Fineias, o guarda das vestes, e outra, a câmara dos que faziam os bolos de farinha de trigo. (2) 1) Mas em Mid II, 6 (infra), são nomeadas 4 portas a sul, 4 a norte, 3 a oriente e 2 a ocidente, num total de 13 portas! Segundo F. Josefo, o períbolo interior do templo herodiano tinha 4 portas a norte, 4 a sul e 2 a oriente (uma em frente à outra), e não tinha portas a ocidente; e o períbolo anterior tinha «portas duplas». 2) Para a oferenda diária do sumo sacerdote. 5. No norte estava a Porta de Nitsuts (centelha), que era na forma de uma êxedra. (1) Tinha uma câmara alta construída no seu topo; e os sacerdotes mantinham a guarda em cima e os levitas em baixo, e tinha uma porta abrindo para o Khel (o patamar de entrada). A seguir a ela, era a Porta da Oferenda; e a seguir era a Beth Moked (casa da lareira). 1) Cf.: «A Mishnáh ensina que a Câmara de Avtinas e a Câmara da Centelha eram andares superiores. Com relação a isso, um dilema foi levantado perante os sábios: 'Seriam esses corredores realmente andares superiores? Ou talvez fossem apenas muito altos, construídos sobre pilares e, portanto, pareciam andares superiores?' A Gemará explica: 'Vem e ouve uma resolução, como aprendemos numa Mishnáh que discute os 7 portais para o pátio do templo, havia 3 portais que ficavam a norte. E o primeiro deles era o Portal da Centelha. Era como uma êxedra (akhsadra); e havia um andar superior construído sobre ele, onde ficava a guarda de honra, com os sacerdotes olhando de cima, no andar superior, e os levitas vigiariam de baixo. E o corredor tinha uma entrada para a área não sagrada do Monte do Templo. Esta Mishnáh indica que a Câmara da Centelha era um verdadeiro andar superior.» (Tamid, 26b) Esta é a única êxedra de que fala este tratado. No entanto, no templo de Herodes, todos os portais do átrio interior tinham êxedras. 6. E havia 4 câmaras laterais na Beth Moked, como alcovas abrindo para uma sala: 2 em solo sagrado e 2 em [solo] não sagrado, e «cabeças» de pedras separando entre o [solo] sagrado e o profano. E para que é que serviam? A do sudoeste era a câmara dos cordeiros do sacrifício; a do sudeste era a câmara dos pães da proposição; a do nordeste, onde os Asmoneus depositaram as pedras do altar que os reis da Grécia tinham profanado; (1) através da do noroeste, desciam para o balneário. 1) 1 Mc 4, 36-61; 2 Mc 10, 1-8. 7. A Beth Moked tinha 2 portas, uma abrindo para o Khel e a outra para o átrio. Rabi Judá diz: «A [porta] que abria para o átrio tinha um postigo, por onde se entrava para explorar o átrio». 8. A Beth Moked era abobadada [arredondada?]. (1) Era um grande compartimento cercado de fileiras de pedra. Os mais velhos da casa dos seus pais dormiam lá, tendo com eles as chaves do átrio; enquanto as «flores» do sacerdócio dormiam cada uma com a sua roupa [var.: almofada] no chão. (2) 1) As êxedras costumavam ser arredondadas, mas esta descrição não coincide em nada com a que F. Josefo faz das êxedras do templo herodiano. Em vez disso, assemelha-se mais aos planos dos pórticos do templo futuro de Ezequiel (Ez 40), porém o número de compartimentos laterais não coincide. 2) Cf.: «Na Casa da Lareira não havia andar de cima, pois o seu teto era redondo como uma cúpula. E era um grande salão, rodeado por fileiras de pedras que se projetavam das paredes e que serviam de bancos.» (Tamid, 25b) «A Guemará pergunta: 'O que são essas fileiras de pedra?' 'São fileiras de pedras cinzeladas pelas quais os sacerdotes sobem para outra fileira de pedra, onde podem deitar-se.' A Guemará pergunta: 'E eles dividiriam as pedras no processo de construção do templo?' 'Mas não está escrito: 'Pois o templo, quando estava sendo construído, era feito de pedra inteira, preparada na pedreira; e não se ouviu martelo, nem machado, nem ferramenta de ferro no templo, enquanto estava sendo construído'?' (I Rs 6, 7) Abaye disse: 'Era proibido usar instrumentos de ferro para cortar as pedras apenas dentro da área do templo. Nesse caso foi permitido ter pedras cinzeladas, pois os construtores prepararam as pedras noutro local. E os construtores inicialmente trouxeram pequenas e grandes pedras para construir o templo, como está escrito: 'E o alicerce era de pedras caras, mesmo grandes pedras, pedras de 10 côvados e pedras de 8 côvados'. (I Rs 7, 10). Consequentemente, as pedras maiores eram usadas para a camada inferior, enquanto as pedras menores eram para a camada superior, formando bancos protuberantes sobre os quais os sacerdotes podiam dormir.'» (Tamid, 26b) Estas afirmações referem-se, evidentemente, ao templo de Salomão e não ao de Herodes! 9. E havia lá um lugar de 1 côvado de lado, onde estava uma laje de mármore. Nesta, estavam fixadas uma argola e a corrente onde as chaves eram dependuradas. Quando chegava o tempo de fechar [as portas], o sacerdote levantava a laje através da argola e tomava as chaves da corrente. Então o sacerdote fechava por dentro e o levita dormia fora. Quando acabava de fechar [as portas], repunha as chaves na corrente e a laje no seu lugar; e colocava a sua almofada em cima e dormia lá. Se acontecesse alguma ejaculação de sémen a algum deles, ele sairia pela escada redonda que ia por baixo da Birah (fortaleza), (1) e onde havia luzes ardendo de cada lado, até chegar ao balneário. Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Descia pela escada redonda que passava por baixo do Khel e saía através da porta Tadi». 1) «Birah» ou «Báris» era a fortaleza situada a noroeste do templo, à qual Herodes pôs o nome de Antónia (AJ XV, 11 e Yoma, 2a). A Mishnáh segue a nomenclatura anterior a Herodes. Cf.: «GEMARA: […] 7 dias antes da queima da vitela vermelha, os Sábios removeriam o sacerdote que queima a vitela, da casa dele para a câmara que estava antes da birah, no canto nordeste do pátio no Monte do Templo. E essa câmara era chamada de Câmara da Casa de Pedra» (Yoma, 2a). Apesar de aqui ser dada tanta importância à Beth Moked (casa da lareira), não temos nenhuma referência a ela na Bíblia nem em Flávio Josefo. Talvez ela resulte de memórias remotas de alguma construção anexa ao muro norte da plataforma exterior do templo, feita do lado de fora, perto da Birah (Báris) e da Porta de Tadi (Porta das Ovelhas), antes das obras de Herodes (Cf.: Ne 3, 1.31-32). Talvez deva ser identificada com a «sala alta do ângulo» nordeste da plataforma (Ne 3, 31-32), visto que F. Josefo situa os «pastofórios» (salas dos sacerdotes) nos ângulos externos da plataforma. II 1. O [períbolo exterior do] Monte do Templo tinha 500 côvados por 500 [côvados]. (1) A maior parte dele era a sul; em seguida a do leste; depois a do norte; e a parte mais estreita a oeste. A parte que era mais extensa era também a mais utilizada. (2) 1) Ez 42, 15-20. É mais que evidente que se trata do períbolo anterior à remodelação de Herodes. Isto não corresponde minimamente às dimensões da esplanada do templo, tal como ela existe, e há vestígios da tal plataforma quadrada, de 500 CV (861 pés = 262,43 metros) de lado, anterior à remodelação de Herodes. 2) Essa falta de simetria explica-se assim: dentro do Grande Pátio, no maior espaço, a sul, ficava o palácio de Salomão. Não sendo reconstruído o palácio, depois do regresso do exílio, ficou vazio o seu espaço no pátio. 2. Todos os que entrassem no Monte do Templo entravam pela direita, viravam e voltavam pela esquerda, exceto aquele a quem tivesse acontecido alguma coisa nociva, o qual entrava e voltava pela esquerda. «Porque voltas à esquerda?» «Porque estou enlutado». «Aquele que habita nesta casa te conforte!» «Porque estou excomungado». «Aquele que habita nesta casa lhes inspire amizade contigo novamente!» Por isso, Rabi Meir... Rabi José disse-lhe: «Fazes isso... parece que o trataram injustamente. Então, que devem dizer? 'Aquele que habita nesta casa te inspire ouvir as palavras dos teus companheiros, para que façam amizade contigo novamente'». 3. Dentro dele, ficava o Soreg (a barreira da separação legal), com 10 mãos de altura. (1) E nele havia 13 brechas, que tinham sido feitas inicialmente pelos reis da Grécia. (2) E quando as repararam, decretaram que 13 prostrações fossem feitas em direção a elas [em recordação]. Dentro, estava o Khel (o patamar de entrada), com 10 côvados [de largura]; e havia lá 12 degraus. (3) A altura de cada degrau era de 0,5 côvado e e largura era de 0,5 côvado. No templo, todos os degraus tinham 0,5 côvado de altura e 0,5 côvado de largura, exceto os do pórtico (o vestíbulo do templo). No templo, todos os portais tinham 20 côvados de altura e 10 côvados de largura, (4) exceto o do pórtico. Lá, todos os portais tinham batentes, exceto o do pórtico. Lá, todas as portas tinham lintéis, exceto a de Tadi, que tinha 2 pedras inclinadas uma para a outra. Todas as portas originais foram mudadas para portas de ouro, exceto a Porta de Nicanor, porque nela houve um milagre; alguns dizem, porém, que era porque o bronze brilhava [como ouro]. (5) 1) 10 mãos equivalem a pouco mais que 1,6 CV. Todavia F. Josefo diz que a barreira de separação media 3 CV de altura, e que sobre ela se erguiam avisos, a intervalos regulares. 2) Cf.: 1 Mc 9, 54-56. 3) Mas F. Josefo diz que eram 14 degraus até ao patamar e 5 no patamar para as portas. Resta saber quantos eram os degraus, antes da remodelação herodiana. 4) Cf.: Ez 40, 11; 41, 2. F. Josefo só refere as medidas dos portais do períbolo interior e do templo propriamente dito, e nenhuma delas coincide com estas. 5) O tratado Middot situa a Porta de Nicanor a oriente, o que é muito vago. F. Josefo diz que, no templo herodiano, entre o átrio das mulheres e o átrio dos homens, se situava um portal de bronze de Corinto, acessível por 15 degraus baixos; mas este portal não corresponde à Porta de Nicanor nas medidas nem na descrição. No Monte das Oliveiras, em 1803, foi descoberto um ossário com a seguinte inscrição: «Ossos dos filhos de Nicanor alexandrino, que fez as portas». 4. Todas as muralhas do templo eram altas, exceto a muralha oriental, de modo que o [sumo] sacerdote que sacrificava a vitela vermelha, estando de pé no cimo do Monte das Oliveiras, olhasse claramente com o seu próprio olhar a porta do templo, no momento de aspergir o sangue. (1) 1) Cf.: Núm 19, 1-10. Esta descrição é inconciliável com a descrição que F. Josefo faz do templo herodiano. Cf.: «Fizeram uma rampa do Monte do Templo ao Monte das Oliveiras, sendo construída de arcos por cima de arcos, cada arco colocado diretamente acima de cada fundação [do arco abaixo] como uma proteção contra uma sepultura nas profundezas, por meio da qual o sacerdote que deveria queimar a vaca, a própria vaca e todos os que ajudaram no seu preparo saíram para o Monte das Oliveiras» (Parah, 3, 6). Na verdade, são referidas 2 rampas (ou viadutos) para levar animais para os sacrifícios não realizados no templo: «a rampa para a vitela [vermelha] e a rampa para o bode expiatório» (Shekalim, 4). Onde estão as evidências de tais construções? 5. O átrio das mulheres tinha 135 côvados de comprimento por 135 côvados de largura. Tinha 4 compartimentos nas suas 4 extremidades, cada um de 40 côvados. Não eram cobertos, e serão no tempo vindouro como é dito: «E conduziu-me para fora, para o átrio exterior, e fez-me passar junto às 4 extremidades do átrio e eis que havia aí outro átrio em cada canto do átrio. Nas 4 extremidades do átrio havia átrios fumegantes». (1) E «fumegantes» significa apenas que não eram cobertos. E para que é que serviam? O do sudeste era a Câmara dos Nazireus, onde os Nazireus cozinhavam as suas oferendas de paz, e cortavam o seu cabelo e atiravam-no para debaixo do recipiente. (2) O do nordeste era a Câmara da Lenha, onde os sacerdotes com um defeito físico faziam a escolha da lenha que tinha vermes, sendo cada pau com um verme impróprio para uso no altar. O do noroeste era a Câmara dos Leprosos. Do do sudoeste, Rabi Eliezer, filho de Jacob, disse: «Esqueci-me de para que é que isso servia». Abba Saul diz: «Lá, guardava-se o vinho e o azeite e era chamada a Câmara da Casa de Shamanyah (do azeite)». E [o átrio das mulheres] era, inicialmente, nivelado / liso, mas depois cercaram-no com uma galeria, (3) para que as mulheres olhassem de cima enquanto os homens estavam em baixo, e não se devem misturar. E 15 degraus subiam daí [do átrio das mulheres] para o átrio de Israel, correspondendo aos 15 [cânticos das] subidas, mencionados no livro dos Salmos. (4) Os levitas cantavam os Salmos sobre eles. [Os degraus] não eram retangulares, mas arredondados, como metade de uma eira. 1) Interpretação deturpada de Ez 46, 21-24, que, referindo-se ao templo futuro (que nunca foi construído), situa 4 átrios de 40 CV por 30 CV nos ângulos do átrio exterior. Note-se, ainda, que esses átrios não são localizados com precisão nem se esclarece se os 40 CV eram de comprimento e de largura ou só de comprimento. Também é estranho não serem cobertos, tendo a conta as funções que lhes são atribuídas. Estes 4 átrios não são referidos por Flávio Josefo. Tudo indica que não passam de especulação ou lenda. Cf.: «Assim como havia caixas [das ofertas] em forma de 'shofar' no templo, também havia caixas em forma de 'shofar' nas províncias» (Shekalim, 2,1). «Havia no templo 13 caixas [das ofertas], 13 mesas e 13 prostrações. [Membros] da casa de Rabban Gamaliel e de Rabbi Hananiah, o chefe dos sacerdotes usados, prostrava-se 14 [vezes]. E onde estava a [prostração] adicional? Na frente do átrio de armazenamento de madeira, pois eles tinham uma tradição dos seus antepassados de que a Arca [da Aliança] estava escondida lá. Uma vez aconteceu que um sacerdote que estava [lá] ocupado percebeu que o chão era diferente dos outros. Ele foi e contou ao amigo, mas antes que tivesse tempo de terminar as suas palavras, a sua alma partiu. Então eles sabiam com certeza que a Arca estava ali escondida.» (Shekalim, 6). No templo herodiano, em torno do átrio das mulheres, situavam-se salas do Tesouro (Mc 12, 41-44; Lc 21, 1-4). É fácil admitir que o átrio das mulheres medisse cerca de 135 CV de largura, com 4 salas do Tesouro (2 a norte e 2 a sul) de cerca de 40 CV de comprimento cada uma. As restantes medidas seriam extrapoladas. O comprimento do átrio das mulheres, no sentido norte — sul, seria de 200 CV (2 vezes os 100 CV do átrio anterior). Para completar o plano, são necessárias 2 câmaras no Átrio das Mulheres, além dos 4 átrios sem teto: «Havia 2 câmaras no templo: uma, a Câmara dos Presentes Secretos; e a outra, a Câmara dos Vasos. A Câmara dos Presentes Secretos: pessoas temerosas do pecado costumavam colocar lá os seus presentes em segredo, e os pobres que descendiam dos virtuosos eram secretamente sustentados por eles. A Câmara dos Vasos: quem oferecesse um vaso de presente lançá-lo-ia para dentro, e uma vez em 30 dias os tesoureiros abriam-no; e qualquer vaso que encontrassem nele e que era útil para consertar o templo, deixavam-no ali, mas os outros eram vendidos e o seu preço eram para a Câmara de Conserto do Templo.» (Shekalim, 5,6) 2) Cf.: Núm 6, 1- 21. 3) A Mishnáh mistura elementos de épocas diferentes. O átrio interior do templo anterior a Herodes media 100 CV de largura. O átrio do templo de Herodes tinha colunatas e media o dobro do anterior, ou seja 200 CV de largura. (Ez 40, 47; 41, 13-14; C. Ap. 1, 198). Cf.: «Havia lá castiçais de ouro com 4 taças de ouro no topo de cada um deles e 4 escadas para cada um.» (Sukkah, 51a). «O Tanna ensinou que a altura de um castiçal era de cinquenta côvados.» (Sukkah, 52b). Cf.: «A Mishnáh ensina que os sacerdotes caminhariam ao longo do pórtico ao redor do pátio do templo. Como os pórticos eram geralmente de madeira, a Gemará pergunta: 'E havia pórticos no pátio?' 'Mas não é ensinado num 'baraíta' que o 'Rabino Eliezer ben Yaakov diz: 'Donde vem que não se pode construir pórticos de madeira no pátio do templo?'» (Tamid, 28b) 4) Sl 120 (119)-134 (133). No templo herodiano, entre o átrio das mulheres e o átrio dos homens, havia a Porta Coríntia e um muro. O tratado Middot não situa nenhuma porta nem nenhum muro entre esses dois átrios. 6. E havia aí compartimentos por baixo do átrio de Israel, que estavam abertos sobre o átrio das mulheres, onde os levitas colocavam as suas liras, saltérios, címbalos e todos os tipos de instrumentos musicais. O átrio de Israel tinha 135 côvados de comprimento por 11 de largura. Igualmente, o átrio dos sacerdotes tinha 135 côvados por 11 de largura; e «cabeças» de pedras dividiam entre o átrio de Israel e o átrio dos sacerdotes. Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Havia um degrau de 1 côvado de altura, sobre o qual era colocado o Dukhan (a plataforma), e isto tinha 3 degraus de 0,5 côvado cada um. E assim, o átrio dos sacerdotes foi feito 2, 5 côvados mais alto que o de Israel». O pátio todo tinha 187 côvados de comprimento por 135 de largura, e 13 prostrações eram feitas lá. Abba José, filho de Canan, diz: «Eram feitas em direção às 13 portas». (1) A sul, para ocidente, ficavam a Porta Superior; a Porta da Cremação; a Porta dos Primogénitos; e a Porta da Água. E porque era chamada a Porta da Água? Porque através dela traziam o cântaro da água para a libação da Festa dos Tabernáculos. Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Nela, as águas brotaram; e no tempo vindouro, sairão debaixo do limiar do templo». (2) Correspondendo a estas, a norte, para ocidente, ficavam a Porta de Jeconias; a Porta da Oferenda; a Porta das Mulheres; e a Porta do Cântico. E porque era chamada Porta de Jeconias? Porque por ela Jeconias foi para o cativeiro. (3) A leste era a Porta de Nicanor, e tinha 2 pequenas portas, 1 à sua direita e 1 à sua esquerda. (4) E havia lá outras 2 portas a ocidente, que não tinham nome. (5) 1) Mas F. Josefo diz que «um gracioso parapeito de belas pedras, com cerca de 1 côvado de altura, cercava o templo e o altar» (B. J. V, 6). Portanto, no templo herodiano, o átrio de Israel envolvia o átrio dos sacerdotes a oriente, norte e sul. 13 portas: 4 portas a sul, 4 a norte, 3 a oriente e 2 a ocidente. Mas em Mid I, 4 (supra), diz-se que «havia 7 portas no átrio: 3 a norte, 3 a sul e 1 a oriente»! 2) Ez 47, 1-2. 3) 2 Rs 24, 8-16; 25, 27-30; 2 Cr 36, 9-10; Jr 52 28-34. Jeconias (=Joiaquin), rei de Judá, é da época da destruição do templo de Salomão! 4) A localização de «compartimentos por baixo do átrio de Israel, que estavam abertos sobre o átrio das mulheres», exclui a localização dos 2 compartimentos laterais da Porta de Nicanor entre esses átrios. Portanto, o tratado Middot situa a Porta de Nicanor a leste do átrio das mulheres. 5) Mas F. Josefo diz que o átrio não tinha portas a ocidente (B. J. V, 2). III 1. O altar tinha 32 côvados por 32. Elevava-se 1 côvado e retraía-se 1 côvado e isto formava a fundação, deixando 30 côvados por 30. Depois, elevava-se 5 côvados e contraía-se 1 côvado e isto formava o circuito, deixando 28 côvados por 28. Os chifres tinham 1 côvado em cada direção, deixando, assim, 26 por 26. Um côvado em cada lado era deixado para a passagem dos sacerdotes, deixando, então, 24 por 24 como lugar da pilha de madeira [do fogo do altar]. Rabi José disse: «No início, a área completa [do altar] era só de 28 côvados por 28; e erguia-se com as dimensões referidas até o espaço para a pilha do altar ser apenas de 20 por 20. (1) Mas quando subiram os filhos do cativeiro, aumentaram 4 côvados a norte [ou a sul?] e 4 a oeste, como um gama, porque foi dito: 'E a lareira terá 12 côvados de comprimento por 12 de largura, sendo quadrada'. (2) Devo supor que fossem só 12 côvados por 12? Quando se diz «nos 4 lados», mostra que estava medindo, desde o meio, 12 côvados em cada direção». E uma linha de tinta vermelha cercava-o no meio, para separar entre o sangue aspergido em cima e em baixo. E a fundação corria todo o comprimento dos lados norte e oeste, mas deixava 1 côvado consumido a sul e 1 a leste. (3) 1) 2 Cr 4, 1. 2) Cf.: Ez 43, 13- 27. 3) Toda esta descrição é fantasista, notando-se nela a clara intenção de tornar real, em alguma época, o altar do templo futuro de Ezequiel, com o comprimento e a largura duplicados. O altar salomónico e o altar pós-exílico mediam 20 CV de comprimento e de largura e 10 CV de altura (2 Cr 4,1). O altar herodiano media 50 CV de comprimento e de largura e 15 CV de altura. 2. No ângulo sudoeste [do altar] havia 2 aberturas, como pequenas narinas, através das quais o sangue derramado no lado ocidental da fundação e no lado sul descia em duas correntes, misturando-se no canal, por onde corria para fora, para a torrente do Cédron. 3. No pavimento, abaixo daquela esquina, havia um lugar de 1 côvado de lado, no qual havia uma placa de mármore com uma argola fixada nela, e era por onde se descia ao esgoto, para o limpar. E havia lá uma rampa a sul do altar, com 32 côvados [de comprimento] por 16 de largura. Tinha uma cova no seu lado ocidental, onde oram postas as ofertas pelo pecado de aves que eram rejeitadas. 4. Tanto as pedras da rampa como as do altar foram tomadas do vale de Beth Kherem. E escavaram-nas debaixo do solo virgem, e transportaram de lá todas as pedras, sobre as quais o ferro não fora erguido, porque o ferro desqualifica por mero contacto, apesar de um arranhão feito por qualquer coisa poder desqualificar. Se uma delas fosse beliscada, seria desqualificada, mas o resto não era. Eram branqueadas 2 vezes por ano: uma pela Páscoa e outra pela Festa dos Tabernáculos; e o templo só era branqueado uma vez por ano, pela Páscoa. Rabi [Judá] diz: «Branqueavam-nas cada sexta-feira com um pano, por causa das manchas de sangue». O estuque não foi posto com pá de trolha de ferro, para que não fosse tocado e desqualificado - porque o ferro foi criado para encurtar os dias do homem, e o altar foi criado para alongar os dias do homem; e não está certo, pois, que o que encurta deva ser erguido contra o que alonga. (1) 1) Ex 20, 25; Dt 27, 1-7. 5. E havia argolas a norte do altar: 6 fileiras, cada uma de 4; ou, de acordo com alguns, 4 fileiras, cada uma de 6; nas quais se abatiam os animais sacrificiais. Os matadouros eram a norte do altar. E havia lá 8 pequenas colunas, nas quais havia placas de cedro. Nelas foram fixados ganchos de ferro, 3 filas em cada uma delas, sobre as quais se dependurava as carcaças e esfolava [as vítimas], sobre mesas de mármore entre as colunas. (1) 1) As mesas estavam entre as colunas ou a 4 CV de distância destas? (Mid V, 2) 6. E o lavatório ficava entre o pórtico (o vestíbulo) e o altar, (1) um pouco a sul. O espaço entre o pórtico e o altar era de 22 côvados. E havia lá 12 degraus, cada um de 0,5 côvado de altura, e 1 côvado de largura. Era 1 côvado, 1 côvado, e a largura de 3 côvados; depois 1 côvado, 1 côvado, e a largura de 3 côvados; depois, no cimo, 1 côvado, 1 côvado, e a largura de 4 côvados. (2) Rabi Judá diz que o cimo era de 1 côvado, 1 côvado e uma largura de 5 côvados. (2) (3) 1) Cf.: Ex 30, 17-21; 38, 8. 2) Aqui faltam 3 degraus! O texto parece sugerir a seguinte hipótese: 1+1+3+1+1+3[+1+1+3]+1+1+4 (ou 5), num total de 21 (ou 22) CV de comprimento, só deixando um espaço de 1 CV (ou nenhum) entre os degraus e o altar. 3) Este degrau de 5 CV poderia ser o próprio limiar do pórtico, de 5 CV de largura (Mid IV, 7) ( Infra). Nesse caso, a falta de espaço entre os degraus e o altar ficaria resolvida, pois os degraus ocupariam um espaço de 17 CV, e o espaço entre eles e o altar seria de 5 CV. 7. A entrada [sem batentes] do pórtico tinha 40 côvados de altura e a sua largura era de 20 côvados. Sobre ela, havia 5 grandes vigas de cedro. A inferior sobressaía 1 côvado de cada lado além da entrada. A superior sobressaía 1 côvado de cada lado além desta. Assim, a mais alta tinha 30 côvados de comprimento, e havia uma camada de pedras entre cada uma delas. (1) 1) Esta descrição não combina com a de F. Josefo nem com a representação da fachada do templo duma moeda da Segunda Revolta (135 d. C.). Resta saber se corresponde ao templo anterior à remodelação de Herodes. Cf.: Ez 41, 25b. 8. E havia suportes cruzados de pedra [var.: de cedro] estendendo-se da parede do templo até à parede do pórtico, para evitar que fizessem bojo. Havia lá correntes de ouro fixadas nas vigas do teto do pórtico, pelas quais as «flores» do sacerdócio subiam e viam as coroas, (1) conforme se diz: «E as coroas serão para Helem, e para Tobias, e para Jedaías, e para Hen, filho de Sofonias, como um memorial no templo do Senhor». (2) Uma vinha de ouro estava à porta do templo, formada em vigas. E cada um que oferecia uma folha, um bago ou um cacho trazia-os e dependurava-os lá. Rabi Eliezer, filho de Rabi Zadok, disse: «Uma ocasião, foram encarregados 300 sacerdotes». (3) 1) Cf.: 1 Mc 4, 57. 2) Zc 6, 14. 3) Cf.: «Um ornamento de ouro em forma de uma videira ficava na entrada do santuário, e era pendurado em postes. E quem quer que doasse uma folha de ouro ornamental, ou uva, ou cacho de uvas, trá-lo-ia para o templo, e um sacerdote dependurá-lo-ia na videira. Rabi Elazar, filho do Rabi Tzadok, disse: 'Houve uma vez um incidente, e 300 sacerdotes foram convocados para levantar a videira a fim de removê-la, devido ao seu imenso peso'. Essa descrição é um exagero, pois embora a videira fosse extremamente pesada, não eram necessários 300 sacerdotes para erguê-la.» (Tamid, 29b) IV 1. A entrada do templo tinha 20 côvados de altura e 10 de largura. E tinha 4 batentes: 2 no lado interno e 2 no exterior, conforme é dito: «E o templo e o santuário tinha 2 batentes». Os batentes exteriores abriam para o interior da entrada, para cobrir a espessura da parede, e os batentes interiores abriam para dentro do templo, para cobrir o espaço atrás das portas, porque todo o templo era revestido de ouro, exceto atrás dos batentes. Rabi Judá diz: «Os batentes estavam dentro da entrada, e eram como portas dobráveis: uma metade cobria 2,5 côvados e a outra metade cobria 2,5 côvados, deixando 0,5 côvado e a ombreira de um lado e 0,5 côvados e a ombreira do outro lado, conforme se diz: 'E os batentes tinham 2 painéis, 2 painéis rolantes, 2 painéis para uma porta e 2 painéis para a outra'». (1) 1) Ez 41, 23-24; Cf.: 1 Rs 6, 34. Note-se que o «templo futuro» de Ezequiel nunca foi construído! 2. E a grande porta tinha 2 pequenas portas, uma a norte e outra a sul. A do sul, nunca algum homem passara por ela; e em relação a essa regra foi claramente estabelecido pela boca de Ezequiel, conforme diz: «E o Senhor disse-me: esta porta será fechada e não se abrirá, e nenhum homem entrará por ela, porque o Senhor, o Deus de Israel, entrou por ela; por isso, ficará fechada». (1) [O sacerdote] tomou a chave e abriu a pequena porta [a norte], e entrou na pequena câmara, e da pequena câmara para o templo. Rabi Judá diz: «Ele caminhava ao longo da espessura da parede, até se encontrar entre as 2 portas e abria as portas exteriores por dentro, e a interiores por fora». 1) Mas Ez 44, 1-3 refere-se ao pórtico exterior e não à entrada do templo propriamente dito! 3. E existiam lá 38 pequenas câmaras: 15 a norte, 15 a sul, e 8 a ocidente. A norte e a sul, havia 5 por cima de 5, e 5 no cimo delas; e a ocidente, havia 3 por cima de 3, e 2 por cima delas. Cada uma tinha 3 aberturas: uma para a pequena câmara da direita e uma para a pequena câmara da esquerda e uma para a pequena câmara de cima. E no ângulo nordeste havia 5 aberturas: uma para a pequena câmara da direita e uma para a pequena câmara de cima e outra para a escada redonda e outra para a pequena porta e outra para o templo. (1) 1) Mas F. Josefo e o Antigo Testamento (Ez 41, 5-11) falam em 30 câmaras por cada um dos 3 andares, o que dá um total de 90 câmaras. 4. E a pequena câmara inferior tinha 5 côvados de largura, com uma cobertura de 6 côvados; a pequena câmara intermédia tinha 6 côvados de largura, com uma cobertura de 7; e a pequena câmara superior tinha 7 côvados de largura; conforme é dito: «O andar inferior da estrutura lateral tinha 5 côvados de largura, e o intermédio tinha 6 côvados de largura, e o terceiro 7 côvados de largura». (1) 1) 1 Rs 6, 6. Mas em Mid 4, 7 (infra) só se atribuem 6 CV às celas, e é impossível combinar as 2 versões! 5. E uma escada redonda subia desde o ângulo nordeste para o ângulo noroeste, pela qual se subia ao tetos das câmaras. Quem subisse a escada redonda com a face para o ocidente, atravessava todo o lado norte, até chegar ao ocidente. Quando chegava ao ocidente, virava a face para o sul. Então, atravessava o lado ocidental, até chegar ao sul. Chegava ao sul, virava a face em direção ao leste. Então, atravessava o lado sul, até chegar à porta para a câmara superior, com a porta da câmara superior aberta para sul. Na entrada da câmara superior, havia 2 colunas de cedro, pelas quais se subia até cima do teto da câmara superior, e no cimo desta havia «cabeças» de pedras, mostrando a divisão, na câmara superior, entre a parte do Santo e a do Santo dos Santos. Havia alçapões na câmara superior, abrindo sobre o Santo dos Santos, por onde se fazia descer os operários em caixas, para evitar que regalassem os olhos com o Santo dos Santos. (1) 1) «Depois que a Arca [da Aliança] foi levada para o exílio, havia uma pedra no Santo dos Santos, dos dias dos antigos profetas David e Samuel, que lançaram as bases para a construção do templo. E essa pedra foi chamada de 'pedra fundamental'. Era 3 dedos mais alta que o chão, e o sumo sacerdote colocava o incenso nela.» (Yoma, 5) Porém, F. Josefo diz que não se encontrava absolutamente nada no Santo dos Santos. (B. J. V, 5) 6. E o templo tinha 100 côvados por 100, com uma altura de 100. (1) A base era de 6 côvados; (2) então ele elevava-se 40; (3) então, 1 côvado para a ornamentação; 2 côvados para as goteiras; 1 côvado para a cobertura; e 1 côvado para o reboco. E a altura da câmara superior era de 40 côvados; havia 1 côvado para a sua ornamentação; 2 côvados para as goteiras; 1 côvado para a cobertura; 1 côvado para o reboco; 3 côvados para a balaustrada; e 1 côvado para a proteção contra corvos. Rabi Judá diz: «A proteção contra corvos não foi incluída na medida, sendo a balaustrada de 4 côvados». 1) Ez 41, 13-15. A altura e a largura de 100 CV só se aplicam ao templo herodiano, mas os dados aqui fornecidos contradizem gravemente F. Josefo e o Antigo Testamento. Segundo a Mishnáh, o primeiro e o segundo pisos do templo mediriam 45 CV de altura [= 40+(1+2+1+1)] cada um, ao que é preciso juntar a base, a balaustrada e a proteção contra corvos, para atingir os 100 CV de altura (= 6+45+45+4). No entanto, segundo F. Josefo, o piso inferior do templo media 60 CV de altura, o piso superior media 40 CV de altura e a base não pode ser incluída nesses 100 CV de altura. Note-se que o Antigo Testamento diz que, depois do exílio, o templo media 60 CV de altura e de largura. (Esd 6, 3). 2) Ez 41, 8. 3) Como a Mishnáh atribui 40 CV à altura interior do templo, diz que os véus mediam 40 CV por 20 CV. Cf.: «Em relação à cortina, a sua espessura é de um palmo. É tecida com 72 fios de lã, e cada fio desses 72 fios é feito de 24 fios. A cortina é feita de 4 materiais: lã azul-celeste, lã roxa, lã escarlate e linho fino, e cada fio compreende 6 fios de cada material. O seu comprimento é de 40 côvados, correspondendo à altura da entrada do santuário, e a sua largura é de 20 côvados, correspondendo à largura da entrada.» (Tamid, 29b) 7. Desde o leste até ao oeste eram 100 côvados: a parede do pórtico, 5 côvados; o próprio pórtico, 11; (1) a parede do templo, 6 côvados; e o seu interior, 40; 1 côvado para a partição; (2) e 20 côvados para o Santo dos Santos; a parede do templo, 6 côvados; a pequena câmara, 6 côvados; e a parede da pequena câmara, 5. De norte a sul, tinha 70 côvados: (3) a parede da escada redonda, 5 côvados; a própria escada redonda, 3; (4) a parede da pequena câmara, 5; e a própria pequena câmara, 6; a parede do templo, 6 côvados; e o seu interior, 20; a seguir, novamente a parede do templo, 6; e a pequena câmara, 6; e a parede dela, 5; depois, o lugar da descida da água, 3 côvados; e a sua parede, 5 côvados. O pórtico sobressaía-lhe 15 côvados a norte e 15 côvados a sul, (5) e este espaço era chamado Casa das Facas, onde se guardavam as facas [dos matadouros sacrificiais]. Então o templo era estreito atrás e largo à frente, como um leão, conforme é dito: «Ah, Ariel, Ariel, a cidade onde David acampou!». (6) Tal como o leão é estreito atrás e largo à frente, assim também o templo é estreito atrás e largo à frente. 1) O pórtico do templo de Salomão media 10 CV de largura e o pórtico do templo herodiano media 20 CV de largura (o dobro). A descrição do templo futuro (que nunca foi construído!) é que atribui 11 CV (hebraico) ou 12 CV (versão grega dos LXX) à largura do pórtico (Ez 40, 49). 2) Esta partição seria um espaço vazio entre 2 véus a 1 CV de distância um do outro. (Yoma, 51b). O interior do templo teria, então, 61 CV de comprimento. Mas F. Josefo e a Bíblia dizem que o interior do templo era de 60 CV de comprimento e só referem 1 véu interior. (1 Rs 6, 2; 2 Cr 3, 3.14; Ex 26, 31-33; Mt 27, 51; etc.). Cf.: «E havia [no Santo] uma pedra em frente ao candelabro, e nela havia 3 escadas sobre as quais o sacerdote teria de se destacar e preparar as lâmpadas para acender. Como o candelabro tinha 18 mãos de altura, era necessário que o sacerdote ficasse numa superfície elevada para alcançar as lâmpadas.» (Tamid, 30b). 3) Estes 70 CV resultam, evidentemente, da má interpretação de Ez 41, 12-15. O A.T. e F. Josefo falam em 60 CV (Esd 6, 3). 4) Esta erradamente designada «escada redonda» é estranha ao Antigo Testamento e a F. Josefo. 5) 20 CV de cada lado é que estão corretos (100 - 20 - 20 = 60). A prova mais evidente da falta de valor histórico desta descrição é não concordar com o A. T. nem com F. Josefo, em dados elementares! 5) Is 29, 1. V 1. O átrio todo tinha 187 côvados de comprimento por 135 de largura. Do leste para oeste, tinha 187: o lugar do piso dos pés dos Isrealitas tinha 11 côvados; o lugar do piso dos pés dos sacerdotes tinha 11 côvados; o altar: 32; entre o pórtico e o altar, eram 22 côvados; o templo: 100 côvados; e eram 11 côvados atrás do lugar da Misericórdia (o Santo dos Santos). (1) 1) F. Josefo, citando Hecateu de Abdera, referindo-se ao templo anterior a Herodes, fala de «um períbolo de pedra com o comprimento de cerca de 5 plectros [=500 pés =333, (3) CV] e a largura de 100 côvados». Ora, 176 CV do átrio dos sacerdotes, 11 CV do átrio dos homens e 135 CV do átrio das mulheres, são 322 CV. Se a largura dos compartimentos que ladeavam a Porta de Nicanor fosse de 11 CV (?), obter-se-ia 333 CV, «cerca de 5 plectros». Resta admitir a existência de galerias de colunas de 17, 5 CV de largura, a norte e a sul, para conciliar os 135 CV da Mishnáh com a largura de 100 CV. 2. De norte para sul, eram 135 côvados: a rampa e o altar, 62; do altar até às argolas, eram 8 côvados; o lugar das argolas, 24 côvados; das argolas até às mesas, eram 4 côvados; das mesas até às colunas, 4; e das colunas até à muralha do átrio, 8 côvados; e o resto entre a rampa e a muralha, e o espaço ocupado pelas colunas. (1) 1) Em Mid III, 1-3 (supra) é dito que a rampa e o altar mediam 32 CV cada, o que dá 64 CV e não 62 CV. As mesas estavam a 4 CV de distância das colunas ou entre estas? (Mid III, 5) Também é estranho não ser referida nenhuma distância a sul da rampa do altar. Devemos concluir que este não estava centrado, mas a sul? Ou devemos supor que as medidas fossem [19,5 +] 64 + 8 + 24 + 4 + 4 + 8 [+ 3,5] = 135? 3. Havia 6 aposentos no átrio: 3 a norte e 3 a sul. A norte, eram a Câmara do Sal, a Câmara Parwah e a Câmara das Lavagens. Na Câmara do Sal, punham sal para as oferendas. Na Câmara Parwah, salgavam as peles dos animais oferecidos. No seu teto ficava o balneário usado pelo sumo sacerdote no Dia da Expiação. Na Câmara das Lavagens, lavavam as entranhas dos animais sacrificiais. (1) E daí, uma escada redonda subia para o teto da Câmara Parwah. 1) Cf.: Ez 40, 38. 4. A sul, eram Câmara da Lenha, a Câmara do Cativeiro e a Câmara das Pedras Talhadas. Acerca da Câmara da Lenha, Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Esqueci-me de que é que servia isso». Abba Shal diz: «A câmara do sumo sacerdote era atrás de 2 delas e um teto cobria todas as 3. (1). Na Câmara do Cativeiro, havia uma cisterna com uma roda por cima, e a partir daí a água era aprovisionada para todo o átrio. Na Câmara das Pedras Talhadas, o grande Sinédrio de Israel estava sediado (2) e julgava [entre outras coisas] os candidatos ao sacerdócio. E um sacerdote no qual fosse encontrada uma desqualificação, era posto de preto debaixo das roupas e envolvia-se de preto e tinha de ir embora. Aquele em que não fora encontrada desqualificação, era posto de branco debaixo das roupas e envolvia-se de branco e ia e servia com os seus irmãos sacerdotes. E faziam-lhe uma festa, porque não haviam encontrado deficiência na descendência do [sumo] sacerdote Aarão; e diziam assim: 'Bendito seja o Omnipresente, bendito seja Ele, pois não foi encontrada deficiência na descendência de Aarão! Bendito o que escolheu Aarão e os seus filhos, para estarem ao serviço diante da face do Senhor no Santo dos Santos!'». 1) No templo de Herodes, as salas do Tesouro situavam-se entre as êxedras das portas. Por isso, nunca poderiam estar 3 debaixo do mesmo teto. 2) Cf.: Dt 17, 8-12. Cf.: «Rabi Shesheth disse: 'Donde eu mantenho a minha opinião? De tudo o que foi ensinado, a Câmara das Pedras Talhadas foi [construída] no estilo de uma grande basílica. A contagem teve lugar no lado leste, com o mais velho sentado no oeste, e os sacerdotes na forma de uma figura em espiral. (…)' Abaye disse: 'Pode ser inferido a partir daqui que a Câmara das Pedras Talhadas estava [situada] metade em solo sagrado, metade em solo não sagrado; que a Câmara tinha duas portas, uma abrindo no solo sagrado, a outra abrindo no solo não sagrado.'» (Yoma, 25a) A localização do Sinédrio junto ao átrio interior do templo é justificada da seguinte maneira: «Donde é derivado que o Grande Sinédrio era composto de 71 juízes? Como está declarado: 'Reúne-me 70 homens dos anciãos de Israel, que sabes que são os anciãos do povo e os seus oficiais, e trá-los para a Tenda da Reunião [= o átrio interior do templo], e eles estarão lá contigo' (Nm 11, 16). E junto com Moisés à frente deste corpo, há um total de 71.» (Sanhedrin, 2a) Vê-se que a localização, a descrição e estas atribuições da Câmara das Pedras Talhadas não passam de especulação. Flávio Josefo localiza a Sala do Conselho (Boulê) entre o Xisto e o pórtico ocidental do templo, fora da plataforma deste (Ver). | |||
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