4 As características atribuídas aos supostos seres extraterrestres não se conciliam com as de seres materiais. Já vimos que, por mais evoluídos que estes possam ser, não podem igualar a velocidade da luz. Mas o que deles dizem os seus supostos «videntes» vai mais além. Segundo estes, os referidos seres percorrem velocidades vertiginosas, nas suas naves espaciais arredondadas (forma pouco aerodinâmica!), deslocando-se à velocidade do pensamento; têm luminosidade superior a tudo o que se pode encontrar na Terra; sabem tudo: conhecem detalhadamente os seres a quem devem aparecer e analisar, sabem o presente e o futuro do nosso planeta e têm tecnologias que ultrapassam a nossa imaginação; conseguem comunicar com os seus «videntes» mentalmente, sem transmitir palavras ou outro código de comunicação; entram com as portas fechadas; só «aparecem» a pessoas previamente escolhidas; não deixam provas físicas das suas visitas; etc. Quem tem alguma formação religiosa vê, imediatamente, nas características que enunciámos, qualidades de Deus (ou dos demónios!) e dos «corpos gloriosos»: como Deus, os extraterrestres sabem tudo (i. e. são omniscientes); não têm dificuldades que resultem do espaço ou do tempo; aparecem cercados de luz, e só a pessoas escolhidas, como nas aparições de Jesus, da Virgem Maria, de anjos ou de santos; não deixam provas das suas visitas, para que a «fé» neles seja um ato da livre vontade de cada um; etc. O que acabámos de referir remete as «aparições» das naves espaciais tripuladas para o domínio mental dos seus supostos «videntes». Estamos, assim, perante casos de «estados alterados ou modificados de consciência» de pessoas que narram, normalmente sob hipnose, os seus «sequestros» por extraterrestres, ou estamos perante puras invenções. 5 Quanto aos objetos voadores não identificados (OVNI) que são vistos por muitas pessoas normais, convém salientar o seguinte: existem relatos de fenómenos destes vistos em muitas épocas, e não apenas desde 1947. Sabe-se, com efeito, que a atmosfera tem, por vezes, fenómenos estranhos, nem sempre compreendidos, como as «formações de plasma», que sugerem bolas de fogo que emitem enormes ruídos e que refletem as ondas de rádio, impedindo a comunicação por meio delas. Outros fenómenos a salientar são, por exemplo, o da queda de meteoros, que se incendeiam em contacto com a atmosfera, a velocidades que chegam aos 72 km por segundo; ou o de formações nebulosas, chamadas «autocúmulos lenticulares», que parecem discos voadores. Nem todos os fenómenos, porém, estão explicados até ao momento; por isso é que a Ciência continua. 6 São indiscutíveis os lucros obtidos pelas empresas cinematográficas, pela imprensa, pela televisão ou pela rádio, à custa da exploração do «fenómeno OVNI». Também não são despiciendos os interesses turísticos gerados em torno dos lugares das supostas «aparições». Cidades, como Roswell, vivem do turismo que daqui resulta. Não é ingenuamente que este fenómeno tem as repercussões que se conhecem! Mas, pelo menos, tem o mérito de fazer evoluir a Ciência, desafiando-a a encontrar explicações para fenómenos meramente terrestres, e, sobretudo, muito terrenos. 7 Está, pois, cientificamente posta de parte a possibilidade de haver contatos físicos com seres vivos de outros planetas, quando a distância é de anos-luz. Pelo menos, é assunto arrumado para os investigadores sérios. Tais «contatos» estão reservados a pessoas com sérios problemas e / ou com esperteza monetária. Os extraterrestres não vêm de outros mundos: vêm de outro «mundo», aquele que dita o sentido da existência de quem ainda não foi capaz de descobrir outro melhor. Há, mesmo, quem afirme que os extraterrestres são demónios que tomam «posse» de certas pessoas. Não pretendemos explicar este fenómeno como sendo «possessão diabólica» no sentido tradicional, mas não deixamos de considerar «diabólicos» os extraterrestres! 8 Dizer que os extraterrestres são diabólicos é o mesmo que dizer que é uma ideia diabólica procurá-los. De facto, nunca fizeram nenhum bem aos seres deste mundo. Pelo contrário! Vejamos alguns motivos: a) Gastam-se somas astronómicas a investigar se há vida (inteligente) noutros planetas, a anos-luz de distância, em vez de se resolverem os problemas de tantos milhões de seres humanos que existem mesmo e vivem na mais deprimente miséria. Até há quem deixe transparecer um pouco de sinceridade pessoal, afirmando que é muito mais bem aplicado o dinheiro gasto na evolução da Ciência do que aquele que se gasta a matar a fome de quem precisa!!!... b) Os supostos «videntes» de extraterrestres são pessoas doentes, não tirando nenhum proveito salutar dos seus supostos encontros imediatos, nem dando nenhum proveito salutar dos mesmos às outras pessoas. O proveito material, pelo contrário, sabe muito bem explorar estas situações! c) Se se provasse a existência, noutros planetas, de seres pelo menos tão inteligentes como nós, deixaríamos de ser o penúltimo sentido da Criação e passaríamos a ser apenas mais uma espécie de animais, entre tantas outras talvez mais perfeitas que nós, vinda do nada primordial e que para o nada voltaria, destinada a governar-se pela lei do mais afortunado na vida. A busca do saber conduzir-nos-ia à ausência do que de mais profundo desejamos saber: o sentido da existência. Bem se poderia afirmar: «Os extremos tocam-se»! d) A busca de vida (inteligente) extraterrestre é uma busca de soluções para os problemas de alguns seres vivos deste planeta. É, por isso, uma tentativa de consultar seres superiores, fazendo deles uma espécie de deuses não espirituais. Paradoxalmente, é costume atribuir-lhes características nada materiais! e) A crença nos OVNI e nos ET é própria de seitas ocultistas (=satânicas), como a Nova Era (New Age), que influenciam muitos dos artistas dos gostos dos jovens e de muitos adultos. Não é por mero acaso que a violência é quase inerente às manifestações artísticas que estão na moda, conduzindo, muitas vezes, ao suicídio! Estas seitas têm a crença de que a Bíblia está cheia de contatos com OVNI, de que Jesus era um ET, e de que outros ET hão de vir salvar a humanidade. f) A Bíblia e a tradição cristã perderiam completamente o sentido, ao descobrir-se que o Universo se rege por uma razão de causa e efeito inerente a ele próprio e que a evolução explica tudo, já que, mesmo agora, não faltam os que explicam passagens bíblicas como sendo atividades de extraterrestres mais evoluídos. g) Toda a Bíblia e a tradição cristã assentam no pressuposto de que a Terra é que é a morada dos seres vivos materiais, que estão todos subordinados ao homem e que todo o restante Universo é paisagem. A própria criação é narrada numa perspetiva estritamente terrestre. Não é porque a teoria geocêntrica já passou, que a Terra deixou de ser o «centro do Universo»! h) Não tendo nós qualquer possibilidade de entrar em contacto direto com os extraterrestres, a salvação que Jesus veio trazer à Terra não se destina a eles, porque nós não podemos sair desta «[terra] habitada», para ir pelo «mundo todo» (kosmon apanta), além deste planeta, para evangelizar todos os outros povos [Mt 28, 19; Mc 16,15], mas só podemos ir «até ao fim da terra» (eôs eskhatou tês gês) [At 1, 8]. Por isso, os ET não são seres humanos: ou estão num nível inferior, o dos animais ou o das plantas; ou estão num nível superior, o dos deuses ou o dos anjos! i) O princípio e o fim do mundo e da vida não são obra do acaso, mas da preexistência de algo não material, anterior à explosão do nada que deu origem à existência da matéria. Nada se forma a partir do nada e a vida não é mero resultado da ação da matéria. Pelo contrário, a interligação entre a vida e a matéria que a suporta é um mistério que ultrapassa por completo a atual conceção de Ciência. 9 A consciência de estarmos sós entre as milhões de espécies de seres vivos deste planeta, situado numa parcela ínfima de espaço e de tempo num Universo de dimensões fantasmagóricas que nunca poderemos medir, reforça astronomicamente a importância da nossa responsabilidade. As infinitas dimensões espaciais e todos os milhões de anos do Universo têm como causa penúltima cada um de nós, que desperdiçamos a nossa vida com a nossa rotineira mesquinhez! Este é, pois, o único lugar onde há vida inteligente com suporte material. O mundo é a Terra; o resto é paisagem. Não há nenhum desperdício de espaço, tendo em conta a infinita grandeza da responsabilidade de cada um de nós! Que são alguns mil milhões de anos de duração do Universo, em comparação com a Eternidade, a ausência de espaço-tempo? Que é a limitada matéria do Universo, em comparação com o espírito? FIM
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