(A. J) Ele tinha notado à beira-mar, um lugar totalmente próprio para a fundação de uma cidade: era um lugar outrora chamado Torre de Estratão. Ergueu um grandioso plano da própria cidade e dos seus edifícios e construiu-a inteiramente, não de quaisquer materiais, mas de pedra branca. Ornou-a de palácios sumptuosos e de monumentos para uso do público; e, que foi o mais importante e exigiu mais trabalho, proveu-a de um porto, perfeitamente abrigado, tão grande como o Pireu, com margens de desembarque no interior e uma segunda doca. O mais notável na construção desta obra foi que Herodes não encontrou nos próprios lugares nenhuma facilidade para o levar avante, e que não pôde ser acabado senão com materiais levados de fora, com grandes custos. A cidade, com efeito, situa-se na Fenícia, na rota marítima do Egito, entre Jope e Dora, pequenas marinas, de acesso difícil por causa do regime dos ventos de sudoeste, que chegam de longe carregados de areia de que cobrem a costa, entravam o desembarque, de tal forma que o mais frequentemente os mercadores são obrigados a lançar a âncora em pleno mar. Herodes remediou os inconvenientes deste regime: traçou o porto de forma circular, de forma que grandes frotas possam ancorar muito perto da costa, imergindo, para este efeito, rochedos enormes até a uma profundidade de 20 braças. Estes rochedos tinham na maior parte 50 pés de comprimento, pelo menos 18 de largura e 9 de espessura, alguns mais, outros menos. O dique, construído sobre estes fundamentos, que ele projetou no mar, tinha um comprimento de 200 pés. Metade dele, verdadeira muralha contra o mar alto, era destinada a sustentar o assalto das ondas que aí se vinham partir de todos os lados; chamou-se, pois, quebra-mar. O resto sustentava um muro de pedra cortado de intervalo a intervalo por torres, a maior das quais se chama Druso, belíssima obra, que tirou o seu nome de Druso, enteado de César, morto jovem. Construiu-se uma série de abrigos abobadados para servir de refúgio aos marinheiros. À frente, traçou-se uma larga margem de desembarque, envolvendo no seu contorno todo o porto e oferecendo um passeio encantador. A entrada e a abertura do porto encontravam-se expostas ao vento do norte, que é o mais favorável. Na extremidade do quebra-mar, à esquerda da entrada, elevava-se uma torre bem cheia (de pedras?), podendo opor uma forte resistência. À direita erguiam-se, ligados entre eles, 2 enormes pedestais, maiores que a torre à frente. Todo o circuito do porto é uma sucessão ininterrupta de construções feitas de pedra cuidadosamente polida. No centro fica uma colina, sobre a qual se construiu o templo de César, visível de longe pelos navegadores e que encerrava as estátuas de Roma e de César. A própria cidade recebeu o nome de Cesareia. É notável pela qualidade dos materiais empregados e pelo cuidado aplicado na construção. Os subterrâneos e os esgotos construídos sob a cidade não foram menos cuidados que os edifícios construídos por cima deles. Uns, espaçados a intervalos regulares, chegavam ao porto e ao mar; outro, transversal, reuniu-os todos de forma a levar facilmente as chuvas e as imundícies, e a permitir ao mar, quando é empurrado pelo vento de longe, a estender-se e a lavar por baixo a cidade inteira. Herodes construiu, também, um teatro de pedra e, a sul do porto e atrás, um anfiteatro que podia conter um grande número de espetadores e que era perfeitamente situado, com vista para o mar. A cidade foi terminada em 12 anos, porque o rei não sofreu nenhuma interrupção nos trabalhos e não poupou nenhuma despesa. (A. J. XV, Cap. IX, 6. 331 - 341) (B. J.) Ele reergueu, também, Antédon, (1) cidade do litoral que tinha sido destruída pela guerra, e deu-lhe o nome de Agripeio. A ligação sem limite que ele tinha a este mesmo amigo levou-o a fazer gravar-lhe o nome sobre a porta do templo (naós), restaurada por ele próprio. (2) Herodes, evidentemente, amava os seus pais como ninguém no mundo. O facto é que dedicou uma cidade à memória do seu pai: fundou na mais bela planície do seu reino esta cidade rica de cursos de água e arborizada, que ele chamou de Antipátrida. (3) Na inclinação de Jericó, dotou de muralhas um lugar notável pela sua posição fortificada e pela beleza do sítio e consagrou-o à sua mãe, sob o nome de Cipro. Ao seu irmão Fasael, dedicou, em Jerusalém, a torre do mesmo nome. (Detalharemos, mais adiante, a sua arquitetura e as suas opulentas dimensões). (4) Fundou, ainda, uma outra cidade no vale (do Jordão), a norte de Jericó, que ele chamou de Fasael. (5) (B. J. I, 416 - 418) 2) A porta do naós (o templo propriamente dito) teria, no seu friso, este nome, além do nome de Herodes. Era natural os templos greco-romanos terem, no friso, o nome das divindades a quem eram dedicados, bem como os nomes das pessoas a favor de quem eram dedicados e de quem as dedicava. No templo de Jerusalém não havia necessidade de escrever o nome da Divindade, logo, se a inscrição fosse em grego, como convinha a um edifício de estilo greco-romano, deveria, talvez, ser assim: Hupèr Agríppa. Hêrôdês: . 3) Antipátrida, assim chamado em honra do pai de Herodes, é situada a NE de Jope, na encruzilhada das rotas de Jope em direção ao interior e de Lida em direção ao norte. 5) Fundada por Herodes, a norte de Jericó. Fundou uma outra cidade na planície chamada Cafarsaba, depois de ter escolhido um lugar bem irrigado e uma terra muito própria à vegetação, porque um rio corria em torno da própria cidade e esta era cercada por uma belíssima floresta de grandes árvores. Chamou esta cidade Antipátrida, em honra do seu pai Antipáter. Fundou, também, para além de Jericó, uma localidade com o nome da sua mãe, Cipro, notável pela força da sua posição e pelo embelezamento das habitações. Edificou ao seu irmão Fasael, um belíssimo monumento em recordação do seu afeto, elevando, no cimo da sua capital, uma torre igual à de Faros, e que chamou de Fasael. Ela devia contribuir para a segurança da cidade, e o seu nome lembrar a recordação do defunto. (1) Fundou, ainda, uma cidade que tinha o nome do seu irmão, no vale de Jericó, na direção do norte, de maneira que a região circundante, outrora deserta, tornou-se mais fértil pelo trabalho dos habitantes. Chamou a esta cidade Fasael. (A. J. XVI, Cap. V, 2. 142 - 145) 1) Supra. Jotapata está construída quase completamente sobre uma altura escarpada. Nos outros lados, pende, por todos os lados, sobre ravinas insondáveis onde, se se tentasse ver o fundo, a vista desfalecia antes de lá chegar. É, somente, do lado do norte que ela é acessível. Foi edificada obliquamente nos últimos contrafortes da montanha. Ora, (Flávio) Josefo, fortificando a cidade, tinha incluído também aquele lado, para que a altura que a domina não pudesse ser tomada pelos inimigos. Escondida por um círculo de outras montanhas, era absolutamente invisível, enquanto se não chegasse lá. Tal era a forte posição de Jotapata. (1) (B. J. III, 158 - 160) 1) Jotapata não é referida na Bíblia. Um rochedo de um contorno bastante vasto e de uma grande altura está isolado de todas as partes por profundas ravinas, cujo fundo não se vê. São escarpadas e inacessíveis aos pés de qualquer ser vivo, exceto em dois sítios, onde a rocha se presta a uma subida penível. Destes dois caminhos, um parte do lago Asfaltite na direção do Oriente; o outro fica a Ocidente e oferece mais facilidade à caminhada. Chama-se o primeiro «Serpente», por causa da sua estreiteza e das suas inúmeras curvas: porque é cortado onde as escarpas sobressaem, volta frequentemente sobre si próprio, alongando-se, depois, pouco apouco, prossegue com grande dificuldade a sua progressão. Qualquer homem que siga este caminho tem de se apoiar alternadamente sobre cada pé, porque a morte vigia-o; de cada lado abrem-se abismos que podem gelar de medo o mais bravo. Quando se seguiu o caminho no espaço de 30 estádios, só se tem diante de si um cimo sem ponta terminal, que forma no cume uma superfície plana. Foi sobre este planalto que o Sumo Sacerdote Jónatas construiu inicialmente uma fortaleza, que ele denominou Massada (Masada); em seguida, o rei Herodes ocupou-se como grande zelo em preparar este lugar. Elevou em torno do cume, num comprimento de 7 estádios, uma muralha de pedras brancas, com 12 côvados de altura, com a espessura de 8 (côvados). Sobre ela, erguiam-se 37 torres com 50 côvados de altura, donde se podia passar para habitações construídas em toda a face interior do muro. O rei tinha reservado o cume para a cultura, que é fértil e de uma terra mais móvel que todas as planícies; deste modo, se houvesse escassez de provisões de fora, a fome pouparia os que tivessem confiado a salvação deles à fortaleza. Construiu também um palácio na vertente ocidental, sob as muralhas da cidadela e voltado para o Norte. O muro deste palácio era alto e sólido; era flanqueado nos ângulos por 4 torres de 60 côvados de altura. No interior, a disposição dos apartamentos, pórticos e banhos ofereciam muita variedade e luxo; por todo o lado se erguiam colunas monolíticas; os muros e o pavimento dos apartamentos eram revestidos de mosaicos de cores variadas. Perto de cada um dos sítios habitados, tanto na altura como em torno do palácio e diante da muralha, tinha mandado escavar muitas grandes cisternas na rocha, para fornecer água com a mesma abundância como se lá houvesse fontes. Um caminho escavado, invisível de fora, conduzia do palácio ao cimo da colina. De resto, era difícil aos inimigos fazer uso mesmo dos caminhos que se viam, porque o do Oriente é, como dissemos, naturalmente inacessível, e Herodes fortificara o do Ocidente, na sua parte mais estreita, com uma forte torre, que uma distância de pelo menos 1000 côvados separava do cimo, e não era possível voltar nem fácil de tomar. Mesmo para viajantes nada tendo a temer, a saída era árdua. Assim, a natureza e a mão dos homens tinham fortificado este lugar contra os ataques dos inimigos. Admirava-se ainda mais a riqueza e o bom estado dos aprovisionamentos acumulados; de facto, mantinha-se em reserva trigo em quantidade suficiente para um longo tempo, muito vinho e azeite, legumes secos de variadas espécies e montes de tâmaras. (1) (B. J. VII, Cap. VIII , 3 - 4) 1) Massada (Masada) não é referida na Bíblia, contudo pareceu-nos conveniente a sua descrição, para podermos confrontar com ela a descrição de outros lugares e de outras construções. (Cf. Mt 27, 25; Lc 23, 28-31; etc.).
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