Dubitando, ad veritatem parvenimus... aliquando! Duvidando, chegamos à verdade... às vezes!
 
Parábola do reino dos homens

O reino dos homens é semelhante a um homem chamado Estado, que, ansioso por dominar, domesticou um grande número de animais, dizendo pretender criar uma sociedade e uma cultura cientificamente evoluídas, em que ele resolvesse todos os problemas dos animais, controlando todos os aspetos da vida deles.

Aconteceu, porém, que, sendo escassos os bens terrenos e não sendo produtiva a sua recolha de animais, o Estado deixou de ter recursos para alimentá-los. Não queria abdicar da alimentação dele para alimentar os animais, mas também sabia que, se abdicasse dela para alimentá-los, não teria recursos para muito tempo.

Não querendo, de nenhum modo, uma revolução dos animais nem o consequente triunfo dos porcos, pensou:

«Que farei? Não abdicarei dos meus animais. Deixá-los-ei morrer à fome. Reforçarei os muros de vedação para impedir qualquer fuga; porei os animais mais corpulentos a exercerem trabalhos forçados; e matarei os animais dos queixumes ruidosos, para que nada se saiba no exterior. Por fora, farei bela propaganda de que todos os meus animais são bem tratados e de que não poderiam estar melhor! — O pior é se algum dia se descobre a verdade, ainda que seja só depois da minha morte... Serei, então, acusado de ditador genocida pelo tribunal da História!

Em vez disto, que me resta fazer? Soltarei os animais e deixá-los-ei regressar ao modo de vida que tinham antes, mesmo sabendo que isso lhes vai custar por dele já estarem desabituados. Abrirei as jaulas para que possam emigrar e liberalizarei os despedimentos. — Sei que ficarei imediatamente muito impopular por não cuidar dos animais... Erguer-se-ão os tumultos das turbas seduzidas, e até me porão a alcunha de Neoliberal!»

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DVBITANDO, AD VERITATEM PARVENIMVS... ALIQVANDO!
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