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Apêndice

Tenda da Reunião | Templo de Salomão | Templo da Mishnáh | Middot

Incluímos, aqui, elementos que, embora não se refiram à Terra Santa do tempo de Jesus ou não tenham sido escritos no século I, são necessários para se poder compreender a arquitetura do templo.

O TEMPLO PROVISÓRIO DE MOISÉS
(«Tenda da Reunião»)

De acordo com as descrições do livro do Êxodo (Ex 25-28; 35-40) e de Flávio Josefo (A. J. III, 6).

Este santuário consistia num templo em tenda e num único átrio circundante.

O templo tinha 30 CV de comprimento por 10 CV de largura e de altura. Na fachada, tinha 5 colunas; uma parte superior de 4 CV de cortina caindo sobre as colunas, como se fosse um entablamento; e uma cortina de abrir e fechar, do cimo das colunas até ao fundo, que tapava os restantes 6 CV de baixo. No interior, era dividido em 2 compartimentos: o Santo, de 20 CV de comprimento por 10 de largura e de altura; e o Santo do Santos, com 10 CV de comprimento, de largura e de altura. Entre o Santo e o Santo dos Santos, havia 4 colunas e uma outra cortina dependurada do cimo ao fundo, que servia de porta.

O átrio tinha 100 CV de comprimento por 50 CV de largura, e era cercado por cortinas de 5 CV de altura, presas em colunas espetadas no chão. A cortina da porta era a oriente e media 20 CV de largura por 5 CV de altura. Era uma porta tripla, com 2 colunas no meio e outras 2 a delimitá-la dos lados. As cortinas que circundavam o átrio mediam, portanto, metade da altura do templo.

O altar dos holocaustos era de bronze e media 5 CV de comprimento e de largura por 3 CV de altura. Não teria, portanto, nenhuma rampa.

Todas as obras seriam em estilo egípcio, estilo que é frequente nos achados arqueológicos palestinianos.

O TEMPLO DE SALOMÃO

Cerca de 960 - 587 a. C. (1Rs 5, 15-32; 6-7; 10, 11-12; 2Cr 1, 18; 2-4; 9, 10-11; 2Rs 21, 5; 23, 11-12; Ez 8, 7. 14. 16. Cf. Ez 40-44; 46, 19-24. Cf.: A. J. XIII, 3).

Salomão duplicou quase todas as medidas do santuário provisório de Moisés.

O templo propriamente dito ocuparia um espaço de 100 CV de comprimento por 60 CV de largura (Ez 40, 48-49; 41, 1-15; Esd 6, 3), embora, interiormente, o Santo e o Santo dos Santos em conjunto só medissem 60 CV de comprimento por 20 CV de largura. A altura exterior de 30 CV e a altura interior de 20 CV para o Santo dos Santos talvez indiquem que o templo tivesse um «entablamento» arcaico de 1/3 de altura, em estilo egípcio. (Note-se que o templo provisório de Moisés media 30 CV de comprimento por 10 CV de largura e de altura, sem entablamento).

Ao Santo e ao Santo dos Santos foi adicionado um vestíbulo de 10 CV de largura por 20 CV de comprimento. Ladeando estes 2 compartimentos, havia uma construção formada de 3 andares de 5 CV de altura cada um, sendo a largura interna de 5 CV, 6 CV e 7 CV, de baixo para cima. As paredes mediriam 5 CV de espessura, exceto as do Santo e do Santo dos Santos, que mediriam 6 CV.

Ladeando a entrada do templo, havia 2 colunas de bronze de 18 CV de altura por 12 CV de circunferência, sobre as quais assentavam capitéis proto-jónicos de 5 CV de altura.

O átrio interior, «Átrio dos Sacerdotes», teria 100 CV de largura e, de comprimento, 2 quadrados de 100 CV de lado (+ 20 CV? atrás do templo) (Supra). O átrio exterior, «Grande Pátio», media 500 CV de cada um dos lados (Ez 42, 15-20; Mid 2, 1). Estes 2 átrios seriam cercados apenas por muros de 6 CV de largura e de altura (Ez 40, 5), construídos «com 3 fileiras de pedra talhada e uma fileira de traves de cedro» (1Rs 6, 36. 7, 12; Esd 6, 4 ), sobre os muros de suporte da plataforma. Havia portas revestidas de bronze (2 Cr 4, 9) para oriente, norte e sul. (1)

O altar de bronze, medindo 20 CV de largura e de comprimento por 10 CV de altura, teria a rampa para oriente (Ez 43, 17).

Depois do exílio da Babilónia, o templo e os 2 átrios foram reconstruídos conforme os alicerces anteriores, sem o palácio real, embora o templo não tivesse a altura nem a ornamentação anteriores (Esd 5-6).


(1) A posição do templo dentro do «Grande Pátio» (um quadrado de 500 CV de lado) não era simétrica. «O [períbolo exterior do] Monte do Templo tinha 500 côvados por 500 [côvados]. A maior parte dele era a sul; em seguida a do leste; depois a do norte; e a parte mais estreita a oeste.» (Mid 2,1) Há vestígios da tal plataforma quadrada, medindo 861 pés = 262,43 m de lado. Na descrição do «templo futuro» (Ez 40-43), o átrio exterior não tem espaço atrás do templo. A falta de simetria explica-se assim: dentro do Grande Pátio, no maior espaço, a sul, ficava o palácio de Salomão. Não sendo reconstruído o palácio, depois do regresso do exílio, ficou vazio o seu espaço no pátio.

Como «quem conta um conto, acrescenta um ponto», a tradição rabínica tardia viria a imaginar que a «fileira de traves de cedro» dos átrios eram pórticos de madeira: «A Mishnáh ensina que os sacerdotes caminhariam ao longo do pórtico ao redor do pátio do templo. Como os pórticos eram geralmente de madeira, a Gemará pergunta: 'E havia pórticos no pátio?' 'Mas não é ensinado num 'baraíta' que o 'Rabino Eliezer ben Yaakov diz: 'Donde vem que não se pode construir pórticos de madeira no pátio do templo?'» (Tamid, 28b)


F. Josefo, na sua descrição do templo de Salomão, diz que este tinha 60 CV de altura, que era cercado de três andares de 20 CV de altura cada um (60 CV ao todo) e que, sobre ele, havia um andar, também de 60 CV, de modo que a altura total era de 120 CV. Como o templo posterior ao exílio media 60 CV de altura, Josefo conclui que lhe faltavam os outros 60 para atingir os 120 CV. O que diz 1Rs 6, 2-10 é diferente: o templo tinha 30 CV de altura (versão grega dos LXX: 25 CV) e era cercado de três andares de 5 CV de altura cada um, num total de 15 CV. 2Cr 3, 4 diz que o pórtico tinha 120 CV de altura, não fala de mais nenhuma altura do templo nem dos 3 andares e fala em «salas superiores» (sobre o Santo dos Santos, a julgar pelo contexto) (2Cr 3, 9). Segundo Esd 6, 3, o templo posterior ao exílio tinha 60 CV de altura. Esquecendo 1Rs 6, 2-10, Josefo extrapolou que o templo de Salomão tivesse 120 CV de altura. O templo de Salomão, medindo 30 CV de altura, podia ter uma fachada de 120 CV de altura, lembrando uma torre. O que estaria mais de acordo com a estrutura do edifício seria a existência de uma cobertura piramidal, feita de madeira e com revestimento metálico externo, medindo 90 CV de altura, por cima dos 30 CV da fachada do templo.

Por outro lado, 2Cr 3, 15 atribui uma altura de 35 CV aos fustes das colunas de bronze, em vez dos 18 CV indicados em 1 Rs 6, 15. No entanto, 2 Rs 25, 17 e Jr 52, 21-22, acerca da destruição de Jerusalém e do templo pelos Caldeus, referem que a altura dos fustes das colunas de bronze era de 18 CV; e 2 Rs 25, 17 atribui aos capitéis uma altura de 3 CV, em vez de 5 CV! Podemos extrapolar que os 35 CV fossem a soma dos 2 fustes, desde que cada um deles medisse 17,5 CV, mais uma peça de 0,5 CV, de modo a obterem os 18 CV. Também é possível que fossem feitas alterações em obras realizadas ao longo do tempo, nomeadamente o acrescento de 17 CV aos fustes das colunas (18 + 17 = 35). A não ser que consideremos antigos erros de cópia os 120 CV do pórtico, os 35 CV dos fustes das colunas de bronze e os 3 CV dos capitéis.

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